domingo, 22 de janeiro de 2012

Os imortais Terras de sombras

Dois


 Ajoelho-me ao seu lado, mãos no colo, dedos dos pés enterrados na areia, desejando que ele olhe para mim, que ele fale comigo. Mesmo que seja para me dizer o que eu já sei - que cometi um erro grave e estúpido, que possivelmente não será corrigido. Eu ficaria feliz em aceitar - droga, eu mereço isso. O que não aguento é esse seu silêncio absoluto e esse olhar distante.
 Quando estou prestes a dizer algo, qualquer coisa, para quebrar o silêncio insuportável, ele me olha com os olhos tão cansados que são a perfeita materialização de seus seiscentos anos de idade.
 - Roman. - Damen suspira, balançando a cabeça. - Eu não o reconheci, não fazia ideia... - Sua voz se apaga junto com a seu olhar.
 - Não tinha como saber - digo, ávida por acabar por qualquer culpa que ele possa sentir. - Você foi enfeitiçado por ele desde o primeiro dia. Acredite, ele já tinha tudo planejado, deu um jeito de fazer com que todas as suas lembranças fossem apagadas.
 Seus olhos examinam meu rosto, analisando-me com cuidado antes de se levantar e se virar. Olhando para o mar, com os punhos cerrados, ele diz
 - Ele machucou você? Ele perseguiu ou feriu você de algum modo?
 Faço que não com a cabeça.
 - Não precisou. Bastou machucar você para me afetar.
 Ele se vira, os olhos escurecendo enquanto seus traços ficam tensos. Respira fundo e diz:
 - A culpa é minha.
 Fico boquiaberta, imaginando como ele pode acreditar nisso depois de tudo o que eu disse. Chorando, levanto-me e fico ao seu lado.
 - Não seja ridículo! É claro que a culpa não é sua! Não ouviu nada do que eu disse? - Balanço a cabeça. - Roman envenenou seu elixir e o hipnotizou. Você não teve nada a ver com isso, estava apenas cumprindo ordens dele. Foi algo além de seu controle!
 Mas eu mal termino e ele já desconsidera com um aceno de mãos.
 - Ever, não percebe? Não se trata de Roman ou de você. Isso é carma. É a punição por seiscentos anos de uma vida egoísta. - Ele balança a cabeça e ri, embora não seja o tipo de risada que contagie. É outro tipo. O tipo que gela até os ossos. - Depois de todos esses anos amando e perdendo você repetidas vezes, tinha certeza de aquela era minha punição pelo modo como esta vivendo, sem ter ideia de que você morria sempre pela mão de Drina. Mas agora vejo a verdade que demorei tanto tempo para perceber. Logo quando estava certo de que havia me livrado do carma ao torná-la imortal e mantê-la ao meu lado para sempre, o carma ri por último, permitindo que passemos a eternidade juntos, mas só nos olhando, sem nunca mais podermos nos tocar.
 Vou até ele, querendo abraça-lo, confortá-lo, convencê-lo de que não é verdade. Mas me afasto rapidamente, lembrando que a impossibilidade de contato foi exatamente o que nos trouxe até aqui.
 - Isso não é verdade - digo, meus olhos fixos nos dele. Porque você seria punido se fui eu que cometi o erro? Não percebe? - Balanço a cabeça, frustada com sua forma singular de pensar. - Roman planejou tudo. Ele amava Drina. Aposto que não sabia disso, hem? Ele era um dos órfãos que você salvou da peste na Florença renascentista, e ele a amou por todos esses séculos, teria feito qualquer coisa por ela. Mas Drina não ligava para ele, só amava você. E você só amava a mim. E, então, bem, depois que eu a matei, Roman decidiu vir atrás de mim, só que fez isso por meio de você. Ele quis me fazer sentir a dor de nunca tocá-lo novamente, assim como ele se sente em relação a Drina! E tudo aconteceu tão rápido, eu só... - Eu interrompo, sabendo que é inútil, um total desperdício de palavras. Damen parou de ouvir assim que comecei a falar , convencido de que a culpa é dele.
 Mas eu me recuso até a pensar nisso, e também não deixarei que ele o faço.
 - Damen, por favor, não pode simplesmente desistir. Não é carma. Sou eu! Eu cometi um erro, um erro terrível. Mas isso não significa que não podemos consertar as coisas! Deve haver um jeito - digo, agarrando-me a mais falsas das esperanças, forçando um entusiasmo que não sinto de verdade.
 Damen fica parado diante de mim, uma silhueta escura no meio da noite o calor de seu olhar triste e cansado é nosso único abraço.
 - Eu nunca deveria ter começado com isso - diz ele. - Nunca deveria ter feito o elixir. Deveria ter deixado as coisas seguirem o curso normal. É sério, Ever, veja o resultado. Não trouxe nada além de dor! - Ele balança a cabeça, e seu olhar é tão triste, tão arrependido, que meu coração desaba. - Mas para ser o que quiser, fazer o que quiser. Eu, no entanto... - Ele da de ombros. - Estou maculado. Acho que todos podem ver o resultado de meus seiscentos anos.
 - Não! - Minha voz se agita e meus lábios tremem tanto que a agitação se espalha pelo meu rosto. - Você não pode ir embora, não pode me deixar de novo! Passei um inferno nesse último mês tentando salvá-lo, e agora que está bem, não vou desistir. Fomos feitos um para o outro, você mesmo disse! Estamos apenas passando por uma dificuldade temporária, só isso. Mas, se pensarmos juntos, sei que descobriremos um modo de...
 Eu paro, a voz sumindo, e vejo que ele já se foi, retirou-se para seu mundo triste e frio, onde só ele pode ser culpado. Sei que é hora de contar o restante da história, as partes lamentáveis que eu preferiria deixar de fora. Talvez assim ele veja tudo de outra forma, talvez então...
 - Tem mais - digo rapidamente, embora não tenha ideia de como formular o que vem depois. - Antes que presuma que o carma veio pegar você, ou o que quer que seja, você precisa saber de mais uma coisa, uma coisa da qual não me orgulho muito exatamente, mas ainda assim...
 Respiro fundo, conto a ele sobre minhas viagens a Summerland - a dimensão mágica entre as dimensões, onde aprendi a voltar no tempo - e digo que, quando me foi dada a opção de escolher entre ele e minha família, eu escolhi minha família. Estava convencida de que poderia, de alguma forma, restaurar o futuro que eu tinha certeza de que fora roubado, mas acabou terminando em uma lição que eu já sabia:
 Ás vezes, o destino não esta ao nosso alcance.
 Engulo em seco e fico olhando para areia, relutante em ver a reação de Damen quando olhar nos olhos daquela que o traiu.
 No entanto, em vez de ficar bravo ou chateado como pensei, ele me cerca com uma linda luz branca e brilhante. Uma luz tão reconfortante, tão complacente, tão pura, que parece o portal para Summerland, só que melhor. Eu fecho os olhos e o cerco de luz também, e quando os abro outra vez estamos envolvidos mais belo e caloroso brilho.
 - Você não tinha escolha - diz ele, com a voz calma e olhar suave, fazendo todo o possível para atenuar minha vergonha. - É claro que escolheu sua família. Era a atitude certa a tomar. Eu faria o mesmo, se tivesse essa opção...
 Concordo com a cabeça, fazendo brilhar ainda mais sua luz e acrescentando um abraço telepático. Sei que não chega nem perto de um abraço real, mas por enquanto funciona.
 - Eu sei o que aconteceu com sua família, sei tudo, vi tudo...
 Ele me olha com olhos tão escuros e intensos que me sinto obrigada a continuar.
 - Você é sempre tão reservado sobre seu passado, sua origem, como viveu... Então um dia, enquanto estava em Summerland, perguntei sobre você, e, bem, toda sua história de vida foi revelada.
 Pressiona os lábios e olho para Damen diante de mim, silencioso e imóvel. Ele suspira enquanto me encara e passa telepaticamente os dedos pela curva do meu rosto, criando uma imagem tão intencional, tão palpável, que quase parece real.
 - Desculpe-me - ele diz, acariciando mentalmente meu queixo. - Desculpe-me por ter sido tão fechado e não querer compartilhar a ponto de obrigá-la a isso. Mas, mesmo tendo acontecido há muito tempo, é algo que ainda prefiro não discutir.
 Concordo com um aceno de cabeça, sem a intenção de pressioná-lo. O fato de Damen ter testemunhado o assassinato dos pais, seguido de anos de abuso nas mãos da Igreja, não é um assunto que pretendo explorar.
 - E ainda tem mais - digo, esperando talvez poder restaurar um pouco de esperança ao compartilhar outro aprendizado. - Quando estava assistindo a história da sua vida, vi Roman matar você no final. Mas, mesmo que parecesse que aquilo estava destinado a acontecer, consegui salvá-lo. - Olho para ele, percebendo que não esta nem um pouco convencido, e me apresso antes de perde-lo completamente. - Quero dizer, sim, talvez o nosso destino esteja determinado de alguma forma e seja imutável, mas ás vezes ele é simplesmente formado pelas nossas ações. Então, quando não pude salvar minha família ao voltar no tempo, foi apenas porque se tratava de um destino que não podia ser mudado. Ou, como disse Riley instantes antes do segundo acidente que os levou novamente: "Não se pode mudar o passado. As coisas são como são." Mas depois me vi de volta aqui em Laguna e consegui salvá-lo. Bem, acho que isso prova que o futuro nem sempre é concreto e nem tudo é decidido somente pelo destino.
 - Pode ser... - Ele suspira, olhando em meus olhos. - Mas não se pode fugir do carma, Ever. Ele é o que é. Ele não julga, não é bom nem ruim, como a maioria das pessoas pensa. É o resultado de todas as ações, positivas e negativas. Equilíbrio constante dos acontecimentos; causa ou efeito; olho por olho; cada um colhe o que planta; o que vai volta. - Ele dá de ombros. - Não importa como é expresso. No fim, dá no mesmo. E, por mais que queira pensar ou não, é exatamente isso que está acontecendo. Todas as ações causam reações. E foi cá que minhas ações me trouxeram. - Ele balança a cabeça. - Todo esse tempo fiquei me convencendo de que a transformei por amor, mas agora vejo que foi por egoísmo. Porque não podia ficar sem você. Essa é a razão pela qual agora está acontecendo.
- Então vai ser assim? - Balanço a cabeça, mal podendo acreditar que ele esta determinado a desistir tão facilmente. - É assim que tudo acaba? Você está tão convencido de que está sendo perseguido pelo carma que nem vai tentar reagir? Chegou até aqui só para ficarmos juntos e agora que estamos enfrentando um obstáculo não vai nem tentar escalar o muro que está em nosso caminho?
 - Ever. - Seu olhar é quente, amoroso, amplo, mas não consegue esconder a derrota em sua voz. - Desculpe-me, mas há coisas que eu simplesmente sei.
 - Ah, tudo bem... - Balanço a cabeça e olho para o chão, enterrando bastante os pés na areia. - Só porque tem alguns séculos a mais do que eu não significa que pode dar  palavra final. Porque, se estamos realmente juntos nisso, se nossa vida e nosso destino estão realmente entrelaçados, então vai perceber que isto não esta acontecendo só com você. Eu também faço parte. E você não pode cair fora... não pode me abandonar! Precisamos trabalhar juntos! Tem de haver um jeito... - Eu paro. Meu corpo treme e minha garganta está tão apertada que não consigo mais falar. Só consigo ficar ali na frente dele, implorando silenciosamente para que se junte a mim em uma briga que não sei se podemos vencer.
 - Não pretendo deixá-la - ele diz com os olhos cheios de lembranças nostálgicas de quatrocentos anos. - Não posso deixá-la, Ever. Acredite, tentei. Mas no final sempre acabo novamente ao seu lado. Você é tudo o que eu sempre quis, tudo o que sempre amei. Mas Ever...
 - Sem mais. - Eu nego com a cabeça, desejando poder abraçá-lo, tocá-lo, pressionar meu corpo contra o dele. - Tem que haver um jeito, uma cura. E juntos vamos descobrir qual é. Sei que vamos. Chegamos longe demais para deixar que Roman nos separe. Mas não posso fazer isso sozinha. Não sem sua ajuda. Então, por favor, prometa... prometa que tentará.
 ele me contempla, atraindo-me com o olhar. Fecha os olhos e enche a praia com tantas tulipas que toda a enseada fica lotada de pétalas vermelhas e sedosas sobre caules verdes e curvados: o símbolo supremo de nosso amor eterno cobrindo cada centímetro quadrado de areia.
 Depois ele passa o braço pelo meu e me leva de volta para o carro. Nossa pele fica separada apenas por sua jaqueta de couro macio e por minha camiseta de algodão orgânico. Isso é o suficiente para evitar as consequências de qualquer contato acidental de DNA, mas incapaz de barrar o formigamento e o calor que pulam entre nós.

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Os imortais Terras de sombras

O destino não é nada além dos atos que realizamos
em um estado prévio da existência.

Um

 - Tudo é energia.
 Os olhos de Damen fixam-se nos meus, insistindo para que eu ouça, ouça de verdade desta vez.
 - Tudo o que esta ao nosso redor - Com o à frente, ele traça um horizonte desbotado, prestes a desaparecer. - Tudo que a neste universo aparentemente sólido, na verdade, não é sólido. É energia, uma energia pura e vibrante. E, embora nossa percepção possa nos convencer de que as coisas são sólidas, líquidas ou gasosas, no nível quântico são apenas partículas dentro de partículas. Tudo é apenas energia.
 Aperto os lábios e concordo. A voz na minha cabeça, mas alta que a dele, insiste: Conte a ele! Conte agora! Pare de esquivar e acabe logo com isso! Depressa, antes que ele comece a falar de novo.
 Mas não conto. Não digo uma palavre. Só espero que ele continue, para que eu possa adiar ainda mais. 
 - Erga sua mão. - Ele balança a cabeça e estende a mão, movendo-a em direção a minha. Enquanto levanto meu braço devagar, com cuidado, determinada a evitar todo e qualquer tipo de contato físico, ele diz: - Agora me diga, o que você vê?
 Olho pelo canto do olho, sem entender bem o que ele espera. Então, dando de ombros, respondo:
 - Bem, vejo pele pálida, dedos longos, uma ou duas sardas, unhas que precisam desesperadamente de uma manicure...
 - Exatamente. - Ele sorri, embora eu tenha passado no teste mais fácil do mundo. - Mas, se você pudesse enxergar a verdadeira forma, não veria nenhuma dessas coisas. Em vez disso, veria um amontoado de moléculas composto de prótons, nêutrons, elétrons e quarks. E, dentro desses minúsculos quarks, chegando ao ponto mais ínfimo, você não veria nada além de energia pura e vibrante movendo-se em uma velocidade lenta a ponto de parecer sólida e densa, mas, ainda assim, bastante rápida para não poder ser observada em sua verdadeira forma.
 Aperto os olhos, sem estar certa de que acredito nisso. Não importa o fato de ele estar estudando isso a centenas de anos.
 - É sério, Ever. Nada esta isolado. - Damen se inclina em minha direção , levado pelo assunto. - Tudo é uma coisa só. Coisas que aparentam ser densa, como você, eu e essa areia na qual estamos sentados, são na verdade apenas uma massa de energia que vibra bem devagar a ponto de dar a impressão de ser sólida, enquanto coisas como fantasmas e espíritos vibra, tão rápido que é quase impossível para a maioria dos humanos vê-los.
 - Eu vejo Riley - digo, ansiosa para lembrá-lo de todo o tempo que costumava passar com o fantasma da minha irmã. - Ou pelo menos costumava ver, você sabe, antes de ela cruzar a ponte e seguir em frente. 
 Contemplo o oceano a nossa frente, as ondas quebrando uma após a outra. Infinito, incessante, imortal.   Como nós. 
 - Agora levante sua mão de novo e a aproxime da minha até quase nos tocarmos.
 Hesito e encho a palma da mão de areia, relutando em fazê-lo. Ao contrário dele, conheço o preço, as terríveis consequências que o menor contato entre nós pode acarretar. Essa é a razão de eu estar evitando seu toque desde a última sexta-feira. Mas, quando volto a olhar para ele, com a mão aberta, esperando pela minha, respiro fundo e também levanto a mão. E foco ofegante quando ele se aproxima tanto que o espaço entre elas é fino como uma navalha.
 - Sente isso? - Ele sorri. - O formigamento e o calor? É nossa energia se conectando. - Ele move a mão para a frente e para trás, manipulando o campo de energia que há entre nós. 
 - Mas, se estamos todos conectados como você diz, por que tudo não parece ser a mesma coisa? - Sussurro, atraída pelo inegável fluxo magnético que nos une e que faz o calor mais maravilhoso do mundo percorrer meu corpo.
 - Estamos todos conectados, somos todos originados da mesma fonte de vibração. E, enquanto algumas energias provocam frio e outras são mornas, aquela á qual está destinada faz com que se sinta assim.
 Fecho os olhos e viro o rosto, deixando as lágrimas escorrerem pela face, já que não consigo mais contê-las. Sabendo que estou impedida de sentir sua pele, o toque dos seus lábios, o caloroso conforto do seu corpo junto ao meu. Esse campo de energia elétrica que vibra entre nós é o mais perto que posso chegar dele, graças a horrível decisão que tomei.
 - Só agora a ciência esta se aproximando do que os metafísicos e grandes guia espirituais já sabem a séculos. Tudo é energia. Tudo ´r uma só coisa.
 Posso sentir o sorriso em sua voz enquanto ele se aproxima, ansioso para entrelaçar seus dedos nos meus. Mas me afasto rapidamente, olhando em seus olhos apenas o suficiente para ver a expressão de dor que toma seu rosto - a mesma expressão com que me recebe desde que fiz com que bebesse o antídoto que o trouxe de volta à vida. Ele se pergunta porque tenho estado tão quieta, tão distante, tão retraída, por que me recuso a tocá-lo se há apenas algumas semanas não conseguia me controlar. Presume incorretamente, que é por causa do seu comportamento agressivo - seu flerte com Stacia, sua crueldade voltada para mim -, quando, na verdade, nada tem a ver com isso. Ele estava sobre o encanto de Roman; toda a escola esta. Não era culpa dele.
 O que Damen não sabe é que, apesar de o antídoto tê-lo ressuscitado, ao adicionar meu sangue à mistura, também garanti que nunca mais poderemos ficar juntos.
 Nunca.
 Jamis.
 Por toda a eternidade.
 - Ever? - ele sussurra com a voz grave e sincera. Mas não consigo olhar para ele. Não posso tocá-lo. E, certamente, não consigo dizer o que ele merece ouvir:
  Estraguei tudo... Sinto muito... Roman me enganou, e eu estava tão desesperada que fui muito burra para cair na cilada. E agora não há esperança para nós porque, se me beijar, se tiver contato com meu DNA, você vai morrer...
 Não consigo fazer isso. Sou o pior tipo de covarde que há. Sou patética e fraca. E não há como encontrar forças dentro de mim.
 - Ever, por favor, o que esta acontecendo? - ele pergunta, preocupado com as minhas lágrimas. - Você esta desse jeito há dias. Sou eu? Foi algo que eu fiz? Porque você sabe que não me lembro de muita coisa que aconteceu, e as lembranças que estão começando a surgir... Bem... você já deve saber que não era eu de verdade. Nunca magoaria você intencionalmente. Nunca lhe faria mal algum.
 Envolvo meu corpo com os braços, retraindo os ombros e abaixando a cabeça. Queria poder me encolher mais, ficar tão pequena que ele não conseguisse mais me ver. Sei que suas palavras são verdadeiras, que ele é incapaz de me magoar, só eu poderia fazer uma coisa tão prejudicial, tão precipitada, tão ridiculamente impulsiva. Só eu poderia ser bastante estúpida para morder a isca de Roman. Estava tão ansiosa para provar que era o verdadeiro amor de Damen, querendo ser a única que poderia salva-lo, e agora olhe o estrago que causei.
 Ele vem em minha direção, passa o braço ao redor do meu corpo, agarra minha cintura e me puxa para perto. Mas não posso arriscar essa proximidade, minhas lágrimas agora são letais e devem ser mantidas longe de sua pele.
 Eu me levanto com dificuldade e corro em direção ao mar, afundo os dedos dos pés na areia da água e deixo a espuma branca e gelada molhar minhas canelas. Queria poder mergulhar naquela vestidão e ser carregada pela maré. Tudo para evitar aquelas palavras. Tudo para não precisar contar para o meu verdadeiro amor, meu companheiro eterno, minha alma gêmea pelos últimos quatrocentos anos, que, enquanto ele me deu a imortalidade, eu provoquei o nosso fim.
 E fico desse jeito, em silêncio e parada, esperando o sol se pôr, até que finalmente me viro e olho para ele. Ao ver seu contorno sombrio, quase impossível de distinguir na noite, tento dizer o que está preso em minha garganta e murmuro:
 - Damen... amor... tem uma coisa que preciso lhe contar.

sábado, 10 de setembro de 2011

Fênix - O segredo do fogo - Capitulo Três




Capitulo Três
   Acelero a velocidade do BMW cinza que ganhei de minha tia Lucy irmã gêmea da minha mãe. Passei a morar com ela logo depois do acidente.
   Diminui a velocidade e entrei no estacionamento da minha nova escola, o estacionamento estava cheio e com muito sacrifício achei uma vaga. Passei na secretaria e peguei meu novo horário feliz por ver mais 5 alunos novos e pensando que sou sortuda por não muda de escola no meio do ano. Sai tão distraída que esbarrei numa garota de cabelos pretos e curtos até os ombros com mechas loiras e uma franja cortada a navalha. Ela tinha um pequeno piece no queixo perto dos lábios e parecia muito simpática.
  - Me desculpe... Machuquei você. – Perguntei ajudando-a a levantar.
  - Não. Eu to bem. Você deve ser Riley a garota nova, não é? – Ela pergunta com uma voz suave e alegre.
  - Sim. Mas como você sabe?
  - Quando eu cheguei estacionei perto da Rachel Berry e ela é a gora mais popular do colégio e já tem um relatório sobre você. Inclusive morreu de inveja quando viu você. Pensei até que ia ter um treco. – Explicou ela.
  - A que ótimo meus primeiros cinco minutos em uma escola nova e já estou sendo odiada! – Digo completamente animada.
  - Ah... Eu esqueci... Meu nome é Tarsiany. – Ela ri e apertamos as mãos uma da outra. – Então quer ajuda para achar sua sala de aula?
  - Ah, sim obrigado. Meu primeiro horário é Artes na sala 24. – Digo percebendo que na minha antiga escola também tinha artes no primeiro horário.
  - Sorte sua... Eu também. – Seguimos por um corredor enorme, e viramos em outro até chegar a sala e sentarmos na primeira fila no penúltimo lugar.
  A Tarsiany era uma pessoa legal. Divertida bem-humorada e de cara deu para perceber que ela gostava muito de musica. Até que no assunto musica ela se identificava comigo. Ela gosta da Avril Lavigne, Paramore, Evanescence... E varias outras bandas que gosto.
  - Ah quanto tempo você mora aqui? – Perguntou ela me acompanhando a minha próxima aula.
  - Não muito...Me mudei a um mês e meio! – Disse olhando o corredor distraidamente.
  - E você tem irmãos? – Perguntou ela olhando para mim enquanto bebia água em uma garrafa personalizada com figurinhas da Avril Lavigne.
  - Eu tinha! – Respondo e abaixo a cabeça com a lembrança de minha irmã Hayley e minha família. Quando olha mais uma vez para Tarsiany e vejo sua expressão de confusa respondo. – Aconteceu um acidente no meu aniversario ano passado e os meus pais e minha irmã morreram e eu sobrevive! – Explico sentindo um nó na garganta.
  - Me desculpa... Eu não sabia! – Ela põe a mão em meu ombro para que olhe para ela enquanto diz: - Lamento pelo o que aconteceu.
  - Ta tudo bem! – Minto.
  - A sala 7 é ali! – Olho na direção em que ela aponta e vejo uma porta com o número 7 ao lado. – Eu vou pra minha aula. Eu encontro você na porta do refeitório na hora do almoço?
  - Sim, claro. – Confirmo com a e dou tchau a ela enquanto entro na sala.

quinta-feira, 23 de junho de 2011

Fênix - O segredo do fogo - Capitulo Dois

  
                                       Narração de Lio
 Eu estava correndo quando sente um cheiro de sangue tão forte que fui investigar. Mesmo sabendo que não era seguro. Mas não pude evitar. Um humano com um sangue tão atraente que fizeram as minhas presas aparecerem. Quando cheguei avia muita fumaça e pessoas mortas e encharcadas de sangue por todo lado e destroços de avião. Mas nem uma delas era a pessoa que me fez seguir o seu sangue atraente.
  Segui o cheiro e ouvi o seu coração batendo cada vez mais perto. Dei mais uns passos à frente e vi uma garota desmaiada. Ela era linda. Os cabelos ruivos e cacheados caído pelo rosto ensanguentado, à pele branca e a respiração muito lenta e fraca. A perna estava visivelmente quebrada, e havia muitos arranhões e cortes profundos por todo o corpo. Uma queimadura em um dos braços quebrados. 
  Eu afastei o seu cabelo do rosto e os meus dedos passaram no ferimento que havia em sua testa um corte muito profundo que precisava de um curativo com urgência. Eu olhei para o sangue em meus dedos sabendo que não devia. Que não podia perder o controle. Mas não resistir os levei aos lábios. O sangue era tão doce que me fez querer mais. Era tarde demais. O caçador dentro de mim me dominou e eu a peguei em meus braços e olhei o seu pescoço arranhado e coberto de sangue. 
  Inclinei-me e a morde. O sangue maravilhosamente doce descia pela minha garganta saciando a minha cede. Por mais que eu quisesse não conseguia parar, o sangue era tão doce como nunca vi antes. Quando de repente...
  - Nossa, estou impressionada Lio! Depois de anos se descontrolar desse jeito. – Era Sofia que agora estava ao meu lado. Os cabelos escuros caídos nos ombros, e os olhos castanhos claros preocupados. Ela era minha namorada desde... Sempre – Você esta bem?
  - Sim. – Levantei-me e corri na direção da linda ruiva que agora estava desacordada. Limpei os meus lábios e segurei a sua cabeça em minhas mãos e virei para ver seu pescoço. As marcas das minhas presas estavam fundas e sangravam. – Sera que eu suguei sangue o bastante para transformá-la? – Perguntei sem ao menos me virar para Sofia.
  - Acho que não. Mas quem se importa? Um vampiro a mais um vampiro a menos. Não faz diferença. – Disse ela num tom arrogante se aproximando.
  Ignorei as palavras de Sofia. Eu só estava me importando com a garota nos meus braços ferida de um jeito brutal e cruel. Observei sua beleza pensando que seria terrível se ela fosse condenada a ser uma criatura como eu. E saber que a culpa seria minha só piorava a minha raiva. Mas naquele momento a sua beleza me acalmava, era como se ela provocasse um tipo de transe em mim. Como se ela fosse minha paz, minha calma, e tivesse nascido para mim. Feita para mim. Estava tão encantado com sua beleza que desviei os olhos lembrando que minha namorada estava ao meu lado. Olhei para Sofia e vi a sua expressão de raiva olhando para aquela ruiva aconchegada em meus braços. Mas sua expressão logo passou de raiva para surpresa.
  Desviei os olhos dela e olhei para a garota que estava voltando a respirar normalmente, e abrindo os olhos devagar. Ela olhou para mim sem entender nada do que estava acontecendo. E pude ver o medo em seus lindos olhos azuis esmeralda. Olhei dentro de seus olhos sentindo meu coração disparar e querer que ela ficasse ali em meus braços para sempre. Mas ela desviou os olhos dos meus, levanto de meus braços rapidamente e tentando se afastar de mim e Sofia que agora ria com a expressão de medo em seu rosto. Eu não queria, mas tinha que hipnotizá-la para que não se lembrasse de nada. Então olhei dentro de seus olhos mais uma vez e disse:
  - Qual o seu nome? – Ela parou de se locomover e não tirou os olhos dos meus.
  - Riley Williams. – Disse ela sem expressão.
  - Me escute Riley. Você vai se esquecer de tudo que aconteceu aqui. E vai cair num sono profundo, e só vai acordar daqui a 24 horas. – Os olhos dela começaram a se fechar e ela tombou para o lado e dormiu. Eu a olhei dormindo tranquilamente e depois me virei para Sofia. Ela desviou os olhos de Riley e me olhou com uma expressão nada agradável e disse:
  - Vamos. – Disse se levantando. – A não ser que queira ficar ai admirando a ruivinha. - Disse ela se virando e pegando velocidade. Levantei-me e olhei uma última vez para Riley. E corri para acompanhar Sofia. As árvores passaram com um borrão ao meu lado até que a minha frente Sofia corria rapidamente. A acompanhei e segurei o seu braço para que parasse de correr.
  - Qual é Lio me deixa em paz! – Pediu ela irritada, recomeçando a andar. Ela mais uma vez adquiriu o seu jeito irritante e ciumento – Porque não ficou lá mais um pouco? Garanto que a ruivinha precisa de você mais do que eu. – Comecei a andar e disse:
  - Ah para com isso Sofi! – Pedi, ficando irritado com sua crise. – Eu não estava admirando ela, estava me concentrando em seus olhos para hipnotizá-la. – Me defende tentando parecer convincente.
  - Olhando para ela como se ela fosse a coisa mais linda do mundo. É boa concentração Lio. – Abri a boca para me defender, mas ela parou de andar olhou em meus olhos e disse. Olhei em seus olhos que me avaliavam sem querer admitir que tudo o que ela esta falando é verdade. Concentrei-me para ler sua mente mas parei ao ver seus pensamentos nada agradáveis e disse:
  - Ta legal, ela é mesmo bonita! – Admite e me aproximei dela para segurar suas mãos e olhar em seus olhos. Seu olhar era cansado e distante. Tentei dizer alguma coisa com “ mas eu amo você” mas não podia mentir desse jeito. Ah algum tempo mas amor como sentia por ela antes.
  Puxei-a para perto para lhe dar um beijo. Ela passou as mãos em meu pescoço e retribuiu o beijo. O beijo quente e doce. O doce de seus lábios me fez lembrar o sangue daquela linda garota ruiva, e seus lindos cachos brilhosos.
  Riley. Seu nome ecoava na minha cabeça, e a lembrança de seu rosto... Sofia se afastou e me olhou com os olhos decepcionados.
  - Eu ouvi o que você acabou de pensar Lio! – Disse ela e se afastou. – Fala sério! – Exclamou ela me olhando com olhos demonstrando dor e tristeza, que poderiam ser lagrimas se ela não as controlassem tão bem. Ela nunca cora na frente de outra pessoa, pelo menos não na minha frente.
  - Sofia... – Comecei, mas ela me interrompeu.
  - Não Lio. Chega pra mim. Há muito tempo você não é o mesmo comigo. Você mudou. E isso que aconteceu agora só serviu para que eu confirmasse isso. E...
  - O que você quer que eu faça? – Perguntei não querendo ouvir mais. Sabendo que é verdade.
  - Boa pergunta. Eu quero um tempo! – Exclamou ela olhando em meus olhos.
  - Então é isso. Você quer terminar? – Perguntei sem expressão.
  - Não. Um tempo é diferente de terminar. – Disse ela sem querer aceitar a verdade.
  - Não é não. Todo casal quando dão um tempo acaba em termino. – Disse sabendo que era o melhor para ela me deixar e viver sua vida livre de mim.
  - Mas isso não quer dizer que precisamos ser assim. – Retrucou ela.
  - Você quem sabe! Tem o tempo que quiser para pensar. Eu vou sair da cidade por um tempo. Você vai ter tempo o bastante. – Disse me aproximando para me despedir dela. Ela me abraçou e eu lhe dei um beijo na bochecha. – Adeus!
  Virei-me e corri, pude ouvir ela correndo na direção oposta.

Fênix - O segredo do fogo - Capitulo Um




Era o dia do meu aniversário de 16 anos e os meus pais estavam me levando para Nova York. Joguei meus cabelos ruivos e cacheados para o lado para não atrapalhar a visão enquanto eu fechava a minha mala e meu pai me apressava dizendo:
  - Vamos Riley, desse jeito vamos perder o vôo! – Disse ele já começando a ficar irritado.
  - To indo pai! – Responde pegando minha mala da cama e descendo as escadas e encontrando a porta da sala já aberta e meus pais e minha irmã Hayley de 10 anos do lado de fora.
 - Finalmente a rainha saiu do castelo! – Hayley diz me provocando como sempre.
  - Não briguem, por favor! – Pediu mamãe fazendo sinal para que entrássemos no volvo cinza do meu pai.
  Coloquei o sinto de segurança vendo a Hayley pegar o seu ipod para ouvir musica (comecei a torcer que ela não começasse a cantar musicas completamente desafinada). Mas era tarde demais ela já estava berrando a musica Complicated da Avril Lavigne e balançando os cabelos ruivos de um lado para o outro me irritando. Virei-me sem paciência e disse;
  - Hayley da pra você para de cantar? Meus ouvidos já estão doendo! – Falo tão inesperadamente que ela toma um susto e eu tento não rir.
  - Mãe a Riley me deu um susto! – Diz ela ignorando o meu pedido e não perdendo a chance de me atormentar.
  - Eu não fiz de propósito! – Digo pra me defender.
  - Fez sim! – Hayley grita. Mas quando estou preste a responder minha mãe diz:
  - Será que vocês podem ficar uns minutos juntas sem brigar? – Pergunta ela.
  - Não! – Respondemos ao mesmo tempo.
  Hayley mostra a língua, mas eu a ignoro. Passados uns 20 minutos e já estava-mos no aeroporto. Meu pai foi fazer o chequim das passagens compradas pela internet e minha mãe, eu, e Hayley ficamos esperando. Quando ele voltou fomos para a sala de embarque esperar mais 10 minutos para embarcamos.
  Quando os 10 minutos passaram nos embarcamos e nos acomodamos para o vôo de Los Angeles para Nova York. Um vôo não muito demorado, mas entediante.

                                  *******
 Olhei no relógio em meu braço entediada com o vôo e vi que estava faltando 15 minutos para chegarmos ao nosso destino. E de repente o avião começou a tremer e a voz de uma mulher ecoa pelo ar dizendo:
  - Senhores passageiros apertem os sinto-de-segurança. O avião esta tendo uma turbulência e temos que fazer um pouso forçado. – Disse ela com a voz tremula.
  Meu coração gelou e fiquei ali parada sem conseguir me mexer. Quando em fim cai na real ajudei Hayley com o sinto e apertei o meu. Sentir Hayley apertar o meu braço e pressionar a cabeça com os olhos fechados no meu braço.
  Eu conseguia sentir o avião descendo numa velocidade completamente descontrolada. Ao meu redor via pessoas gritando e choro de um bebê a minha frente. Eu tentava gritar, pedir por socorro, reagir e fazer alguma coisa, mas não conseguia. Senti o impacto do avião se encontrado com o chão. E em seguida uma explosão tão forte que senti as mãos de Hayley deslizar pelo os meus braços enquanto eu era jogada para longe. E batendo tão forte contra o chão que gritei com a dor que percorria meu corpo.
  Olhei em volta procurando algum sinal dos meus pais ou da minha irmã. Mas tudo que consegui ver foram uma onda fumaça e pessoas feridas gritando. Olhei para minha perna vendo ela completamente quebrada e com os olhos embaçados de sangue pelo ferimento que tinha na cabeça, E as minhas roupas rasgadas mostrando arranhões feios. Até que não resiste e desmaiei.